Hoje é comemorado o Dia Da Mulher no mundo todo. E eu trago justamente essa reflexão: o que temos para comemorar?
Portugal decretou um dia de luto nacional pelas vítimas da violência doméstica. Somente neste ano já são 11 vítimas mulheres (de um total de 13 vítimas de violência doméstica). São praticamente diárias as notícias sobre o tema, das detenções, às sentenças, que voltaram a colocar no centro da polémica e do debate político um juiz desembargador chamado Neto de Moura. Para vocês terem ideia dos absurdos que envolvem o assunto: este senhor é conhecido por algumas decisões em desfavor das vítimas em casos de agressões praticadas contra mulheres, como por exemplo no mês passado, quando decidiu retirar a pulseira eletrónica a um homem condenado pelo crime de violência doméstica, depois de ter rompido o tímpano à companheira. Num dos seus polémicos acórdãos, além de interpretações do Código Penal de 1886, o juiz do tribunal da Relação do Porto invocou a Bíblia no exercício das suas funções e até civilizações que punem o adultério com a pena de morte para justificar a violência cometida contra uma mulher por parte do marido e do amante, que foram condenados a pena suspensa na primeira instância.
Vocês concordam que muito mais preocupante do que as estatísticas são os pensamentos e as atitudes como estas??
Em 2017 Portugal caiu duas posições na conquista da igualdade de género. Ao ritmo atual, serão precisos 100 anos para que as mulheres consigam alcançar a igualdade nas quatro áreas estudadas pelo Forum Economico Mundial: política, participação económica, saúde e educação.
A abordagem da educação para a cidadania nas escolas tem avanços e recuos, segundo constatação do próprio governo. Consolidar essa estratégia dentro do sistema de ensino é apenas uma das necessidades que não podem mais esperar.
Não há lugar perfeito no mundo quando o assunto é ser mulher.